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A Máscara da Monalisa

Estava lendo um estudo de mercado esses dias sobre a venda de cosméticos no mundo e encontrei uma informação interessante: os números indicam que a venda de batons caiu algo em torno de 60% desde o começo da pandemia, enquanto que a de rímel (para os leigos, aquele produtinho que usamos para realçar o olhar) subiu em torno de 30%. Acho que começamos a sorrir com o olhar, não? – já que, apesar de tudo, sorrir também é necessário, mesmo em uma época como a que estamos vivendo... e batom mancha a máscara!


Foi então que me lembrei da “Gioconda” – ou simplesmente, a Monalisa, aquele retrato famosíssimo pintado pelo Leonardo da Vinci por volta dos anos 1503 - 1513. Muito se comenta sobre o sorriso enigmático da “senhora” – ou, como como se dizia, na época, “monna” – Lisa Gherardini, esposa de Francesco del Giocondo, um comerciante de tecidos de Florença que, aparentemente, buscava assegurar seu status social encomendando a ninguém menos que Leonardo da Vinci o retrato de sua esposa.

Confesso que, sem saber de todos os detalhes técnicos, não entendia direito o que havia de tão especial nesse retrato, que o fizesse destacar entre inumeráveis outros expostos nos museus do mundo todo; pra começar, ele mede 77 cm X 53cm; naquele passado distante, quando a gente se aglomerava lá no Louvre, qualquer desavisado corria até o risco de passar por ele e acabar nem vendo, devido à quantidade de gente em volta ou, simplesmente, por entrar no museu esperando um “quadrão” e encontrar uma realidade, digamos, mais compacta!


Comecei a mudar de opinião quando descobri que a genialidade da pintura, na verdade, não é o sorriso da Monalisa, mas o olhar! E sabe qual é a melhor maneira de descobrir isso? Colocando uma máscara, como as que estamos usando atualmente, no rosto da Monalisa! Você já anda conseguindo perceber quando uma pessoa sorri, enquanto usa a máscara? Essa é a chave do mistério: o olhar pintado pelo Da Vinci sugere um sorriso que não é compatível com o que está lá! E que ninguém ouse sequer pensar que Da Vinci não dominasse as proporções e as expressões do corpo humano para cometer um errinho assim, tão inocente!


Tem um outro detalhe: ela nos observa para todos os lados! Experimente ir de um lado a outro, olhando-a, fixamente! Juntando, então, o olhar penetrante que se move junto com você e o sorrisinho misterioso, é como se ela estivesse dizendo, com uma boa dose de sarcasmo, algo do tipo: “eu sei o que você fez...” ou “eu sei quem você é”! (Então eu entendi a grandiosidade da obra...)


O Giocondo só não deve ter ficado muito satisfeito com a encomenda porque o Da Vinci nunca entregou o trabalho concluído! Aliás, nunca chegou a terminá-lo – típico do Da Vinci! Os expertos juram que há duas colunas laterais e alguns dedos que parecem inacabados... não vou argumentar!


Acredita-se que Da Vinci tenha levado a obra – ainda em processo de elaboração, depois de aproximadamente uns 10 anos de trabalho – para a França, onde se hospedou, a convite do rei Francisco I, no palácio de Clos de Lucé, que fica bem perto (quase ao lado) do Castelo de Amboise, um daqueles castelos famosos do Vale do Loire.


Surgiu uma amizade muito grande entre o rei Francisco I e Leonardo da Vinci, um dos poucos pintores que teve o devido reconhecimento ainda em vida. Após à morte do artista, as obras que estavam com ele (em Clos de Lucé) passaram a pertencer ao rei Francisco I e, posteriormente, ao Estado Francês. É por isso que a Monalisa está exposta no Louvre, em Paris, e não em algum museu na Itália – o que deixa muito italiano perplexo, diga-se de passagem!


O conceito de beleza pode mudar ao longo dos tempos e das culturas, mas uma verdadeira obra de arte é atemporal. O poder do olhar que Da Vinci imortalizou nessa pintura é um exemplo disso. Sem rímel, nem batom!

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2 Comments


robertaizzo
robertaizzo
Sep 19, 2020

Na verdade, é uma divagação muito válida e discutida, principalmente nos livros que andei comprando sobre a obra do Da Vinci! Estima-se que possa ser a região da Toscana (Pistoia, para ser mais precisos) ou também poderia ser a Lombardia, já que algumas das montanhas do fundo poderiam ser uma referência aos Alpes! Também mencionam algo sobre “solo lunar”, como se ele estivesse pintando em um plano mais elevado que o fundo, enfim, é um assunto definitamente MUITO interessante!

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rsfrsf55
Sep 18, 2020

Um detalhe sempre me chamou a atenção: a paisagem de fundo. Tenho a impressão de que não existe um lugar real assim em Florença (é suposição minha, nunca pesquisei). Às vezes penso que seja um painel ao fundo da retratada e que Leonardo fez questão de deixar transparecer isso na pintura. Bom, é só uma divagação minha...

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