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Ainda Não é Natal... Mas Falta Pouco


A Persistência da Memória, de Salvador Dalí, 1931

Então é natal... e o quê você fez... é, pessoal... já estamos no segundo semestre de 2020 e não falta muito para essa melodia ficar martelando na nossa cabeça. Então, o quê estamos fazendo neste ano que, digamos, praticamente nem vimos passar?


Apesar de não ter tido muito tempo para pensar nos últimos meses – quem tem criança em casa sabe exatamente a que me refiro – acho que, mesmo superficialmente, consegui chegar a algumas conclusões sobre esse tempo de exceção que estamos vivendo.


Para começar: será que se trata mesmo de um período de exceção ou foi uma dose de choque para marcar o início de uma nova etapa da vida no planeta? Você consegue enumerar algumas mudanças que aconteceram da noite para o dia, mas que acabaram dando certo e, quem sabe, possam acabar ficando? Eu até que consegui encontrar algumas! Em primeiríssimo lugar, a higiene!


Desde que me conheço por gente, tenho uma mania doida de lavar as mãos, com muita frequência. O álcool gel (e um bom hidrantante para remediar o estrago da retirada excessiva da oleosidade natural) estão presentes na minha bolsa há anos e o hábito de lavar as mãos a cada vez que entro em casa ou que pego em dinheiro, por exemplo, não é novidade pra mim, mas começou a ser para muita gente, o que, tenho que confessar, me deixa muito satisfeita! Ver os supermercados limpando os carrinhos de compra, então, é minha alegria absoluta!


Segundo item: aglomerações! Gente, sério... espaço era meu desejo secreto em toda fila que não pude evitar na minha vida – porque, convenhamos, uma fila, em si, já é desagradável o bastante para eu pensar duas vezes se encaro ou se deixo de fazer a compra; somando-se às “bolsadinhas sem querer”, cordialidade zero, tentativas de passar na minha frente e respiradinhas (pra não dizer espirros ou tosse mesmo) muito próximas já se tornavam o pacote do pânico! Ponto para o distanciamento obrigatório!


Depois de quase cinco meses sem poder voltar para Milão (o esperado retorno de uma viagem que deveria ter durado 10 dias), finalmente conseguimos! Justo a tempo, antes de barrarem a entrada de brasileiros na União Europeia! Estava bastante receosa sobre como seria o vôo; a companhia aérea começou a enviar alguns emails alertando sobre mudanças no serviço a bordo, uso obrigatório de máscaras, enfim, todo um novo protocolo.


Uma das recomendações era o incentivo ao passageiro em levar uma certa reserva de comida, principalmente para quem precisasse fazer vôos de conexões (foi o meu caso), já que muitos restaurantes nos aeroportos ainda estão fechados e as novas regras durante o vôo foram pensadas para evitar ao máximo o contato entre os passageiros e a tripulação. Pois bem: enchi minha mochila de bolinhos, bolachinhas e guloseimas para aguentar as mais de 18 horas em trânsito!


Qual foi a minha surpresa ao entrar no avião e encontrar, em cada assento reservado, um bom pacote com suprimento suficiente para o vôo todo? Minha reserva da mochila nem precisou ser utilizada! Foi servida uma refeição “quente”, padronizada para todos os passageiros (ou seja, nada de decidir entre massa ou frango, mas tudo bem!) e, depois disso, só fomos ver a tripulação novamente ao sair do avião.


Quando batia uma fominha ou sede, era só dar uma vasculhada no pacote e achar o que mais fosse conveniente no momento. Conclusão: nada de carrinhos bloqueando o corredor nas idas ao banheiro (que, por sinal, estava bem limpo) ou luzes sendo acesas quando a gente, finalmente, conseguia dar aquela cochiladinha! Observei que até os botões para chamar a tripulação haviam sido discretamente retirados!


Viu só como nem tudo necessariamente pode ter mudado para pior? Voltemos, então, ao nosso hino de natal brasileiro por excelência: o quê nós fizemos este ano? Antes que nossas consciências comecem a nos acusar quando a musiquinha começar a tocar de verdade daqui a pouquíssimos meses, vale a pena rever a base do nosso entendimento de utilidade.


Cozinhar, entreter a criançada o dia todo, acompanhar no dever de casa, passar roupas, limpar a casa também têm muito valor. Só que, antes da pandemia, isso tudo não entrava na contabilidade de algo “primoroso” que tivéssemos feito ao longo do ano, já que o básico da nossa subsistência diária era invisivelmente garantido: levar as crianças para a escola, almoçar em qualquer um dos muitos restaurantes disponíveis e acessíveis para a grande maioria, chegar à noite e encontrar a casa limpa eram nossos sustentáculos para que tivéssemos outras oportunidades na vida.


Mas, por mais cômodo que fosse, ou justamente pela facilidade da solução pronta, já não estávamos dando o devido valor à nossa subsistência, por exemplo, quando nosso almoço consistia em mastigar em três bocados “ qualquer coisinha rápida” – e frita em abundante óleo!


Por isso, antes de nos desesperarmos com o que não estamos podendo fazer ultimamente, vale a pena refletir sobre tudo o que foi aprendido e feito até agora, sem juízos de valor. Cada família está vivendo uma situação específica e, acredite, por mais que você ache que não fez nada de março até aqui, você fez, sim... e muito!

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