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Música de Vum Vum

Minha filha de 3 anos vive cantarolando pela casa: o repertório todo dos 4 dvds da galinha pintadinha, o “samba, samba, samba, ô lelê”, que ela adora, aquela famosona do Frozen (“Let it gouuu, let it go- ooouuu”...), e por aí vai. Eis que há alguns dias surgiu com uma nova: do Elton John! Segundo ela, é música do “vum vum”: está na playlist que a gente escuta no carro!


Passado o impacto (é muita fofura!), comecei a pensar em músicas e situações que marcaram a minha vida. Minha mãe não tinha exatamente uma “playlist”, mas uma gaveta cheinha de fitas K-7 que ela escolhia antes de sair de casa. Era um ritual!


Aos sábados, ela me levava na natação. Eu deveria ter uns 5 anos, mais ou menos, e me lembro que ela escutava umas músicas com umas vozes ligeiramente metalizadas, únicas, diria. Como eu achava aquilo muito estranho, nunca me esqueci daquelas vozes. Anos depois, descobri que eram os Pet Shop Boys! Acho que minha mãe nem se lembra mais disso, mas acredito que tenha sido minha primeira lembrança musical “de verdade” da infância – ciranda-cirandinha não vale! Ainda não devem ter feito “remakes” dos Pet Shop Boys, seria um belo desafio, mas bem que já temos tempo suficiente para uma versão geração Z de clássicos da geração X!


Por falar em “remakes”, vivemos uma situação muito engraçada aqui em casa porque meu marido e eu escutamos música o tempo todo e basicamente as mesmas, só que ele gosta das versões originais e eu sou a especialista dos “remakes”. É algo assim: “How Deep is Your Love” – Bee Gees versus Gary Barlow! “Sailing” – Christopher Cross versus N’Sync! “Against All Odds (Take a Look at Me Now)” – Phill Collins versus Mariah Carey!


Acho que a música é mais ou menos como a História: novos tempos, novas interpretações, mas o mesmo impacto! E também mais ou menos como a sugestão do Ed Sheeran, interpretando ele mesmo no filme Yesterday (uma referência aos Beatles, que foi lançado há alguns meses): “Hey Jude” é estranho... “Hey Dude” fica melhor!


Faz 11 anos que já não moro no Brasil e por mais que tente acompanhar as notícias ou o que toca por aí, é bem difícil. Outro dia me perguntaram sobre a música atual brasileira e não consegui responder. É impressão minha ou há um “vazio musical”? Estou sentindo falta de uns nomes de referência, sabe? Um millennial fazendo uns “remakes” do Tom Jobim, por exemplo! Queria algo assim para marcar o começo deste blog!


Você já deve ter percebido que não curto muito um pagodinho, mas gosto muito de música brasileira, em geral. Tem “algo” no nosso ritmo que é só nosso! Não sei explicar, mas tenho certeza que você entende o que estou querendo dizer. Há alguns dias, fomos a um restaurante brasileiro em Milão e o rodízio só ficou completo com a trilha sonora: “lá vem o negão, cheio de paixão”! Era só a música tocada no cavaquinho, achei o máximo, primeiro porque a melodia é realmente muito alegre e, em segundo lugar, porque é toda uma questão de memória dos anos 90. Lembra, por exemplo, do tic-tic-tac da banda Carrapicho? Ainda toca em muita festa pela América Latina! Cheguei a escutar em um baile de Réveillon no Paraguai e em um casamento na Venezuela! E o “ai se eu te pego”? Escutei na Bélgica, em um taxi!


Só estou aqui me perguntando: qual a memória da música brasileira dos últimos 10 ou 15 anos? Tirando uma ou outra música isolada, como essa do Michel Teló, por exemplo, não estou conseguindo encontrar muitas referências mais “estáveis”, digamos, como nos anos 90, quando tínhamos, de um lado, “É o Tchan” e todo o movimento do pagode e, de outro, o rock nacional com os Paralamas do Sucesso, Skank, Titãs, e muitas outras opções, para gostos diversos.


De modo geral, tínhamos muita música boa (algumas, nem tanto), mas formou-se uma memória, uma identidade da época. É o Tchan, por exemplo, não existiria hoje: politicamente incorretíssimo! Lá vem o negão, então, nem pensar! Nem sei como já não criaram caso com a Galinha Pintadinha porque “a galinha usa saia e o galo, paletó”! Enfim, enquanto espero que os criadores da Bossa Renovada versão Millennial, Y ou Z apareçam, vou cantarolando por aí: samba, samba, samba ô lelê, samba, samba, samba, ô lalá – em versão “remake” da Galinha Pintadinha! E Elton John no vum vum, sempre!

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4 Comments


Flávio Lira
Flávio Lira
Nov 02, 2019

Comeceia pensar no soft power brasileiro quando ouvi Michel Teló em uma balada na Ásia Central! No mínimo curioso, haha.

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robertaizzo
robertaizzo
Oct 25, 2019

Achei a AnaVitória! Era exatamente o que eu queria encontrar!!!!! Sensacional!!! Também adorei vê-las cantando com o Nando Reis!

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robertaizzo
robertaizzo
Oct 25, 2019

Opa, adorei as dicas, obrigada! Vou procurar, sim! Sobre o pop rock, adoro os anos 90! Era quando chegávamos da escola à tarde, ligávamos o rádio e escutávamos as “hit-parades” da Jovem Pan ou da Transamérica! Ficávamos jogando ping-pong na garagem e ouvindo tudo isso!Bons tempos!!!

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rsfrsf55
Oct 25, 2019

Também não conheço muito bem o panorama atual da MPB, mas se tiver algum tempo e quiser "fazer uma avaliação" procure a dupla AnaVitória na internet. São duas moças muito novas e quase todas as músicas são da Ana Clara Caetano, a morena da dupla. Gostei também muito do show que elas fizeram com canções do Nando Reis (ex-Titãs). Gosto de ouvir, pela internet, a rádio JB FM. Na maior parte do tempo ela toca música pop internacional "antiga" (década passada, anos 90), pop internacional recente e MPB atual, de melhor qualidade.

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